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IDEB: Ensino Médio avança, mas é preciso cautela

Publicado inicialmente em Instituto Unibanco

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O índice registrado nos anos iniciais no país passou de 5,8, em 2017, para 5,9, em 2019, superando a meta nacional de 5,7 - considerando tanto escolas públicas quanto particulares. Nos anos finais do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, avançou de 4,7 para 4,9. No entanto, ficou abaixo da meta fixada para a etapa, 5,2. O Ensino Médio passou de 3,8 para 4,2, ficando também abaixo da meta, que era 5. 

Se observado apenas o índice do Ensino Médio das redes estaduais, responsáveis pela oferta da última etapa da Educação Básica, de 2017 para 2019 o crescimento foi o maior da série histórica. O indicador passou de 3,5 para 3,9. Mesmo assim, ficou abaixo da meta de 4,6. Os dados foram apresentados em setembro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e mostraram uma saída da estagnação da última etapa da Educação Básica, que vinha desde 2009. 

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Apesar de positivo, o resultado ainda está distante da meta - que foi calculada pelo Inep e definida pelo Ministério da Educação (MEC) tendo como referência a qualidade dos sistemas educacionais de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, o avanço também precisa ser visto com cautela diante dos graves problemas que a pandemia da covid-19 vem causando na educação, com fechamento das escolas e dificuldades de ofertar atividades remotas de maneira equânime para os estudantes. 

O Ideb pode variar entre 0 e 10 – quanto mais alto melhor. Ele leva em conta dois fatores: quantos alunos passam de ano (taxa de aprovação aferida pelo Censo Escolar) e o desempenho em Língua Portuguesa e Matemática (avaliado pela prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica - Saeb).

Em termos de aprendizagem, expressa pela nota da prova do Saeb, o Brasil conseguiu se recuperar da queda apresentada entre 2011 e 2013, tendo o maior crescimento de sua série histórica. Atingiu em 2019 o maior patamar na nota média padronizada: 4,53. O mesmo aconteceu com a taxa de aprovação, que teve seu maior crescimento em um biênio: de 82% em 2017 para 85% em 2019. 


É possível destacar Goiás e Pernambuco, que atingiram suas metas. E também Piauí e Espírito Santo, que se aproximaram consideravelmente. 

É importante ressaltar também que, nesse último biênio, todos os estados apresentaram melhoras no Ideb em suas redes de Ensino Médio. Os cinco estados com melhor desempenho foram Goiás, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná e São Paulo. Paraná foi o estado que mais melhorou no período 2017-2019 (+0,69), seguido por Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Além disso, nenhum estado piorou em 2019, o que é inédito. 

Tal movimento amplo de melhora do índice geral é também visto no componente da nota. Todos os estados melhoraram no último biênio. Já em relação ao fluxo, apenas Acre, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Roraima e Santa Catarina ficaram estagnados ou regrediram no componente em comparação com o ano de 2017.


Rede privada e desigualdade

A trajetória da rede privada é bem distinta. Os períodos iniciais, de 2005 a 2011, são de estagnação, porém em um nível mais alto. Há queda forte de desempenho entre 2011 e 2015. O período a partir de 2015 é de recuperação e, em 2019, o Ideb chega a 6.

A melhora na rede pública foi mais acentuada e, como resultado, a desigualdade em relação à rede privada vem caindo lentamente. Em 2005, o resultado da rede privada era 1,9 vezes (quase o dobro) maior que o da rede pública. Em 2019, essa diferença caiu para 1,5. 

Exemplos a serem seguidos

Em entrevista ao jornal O Globo, no dia 15 de setembro, Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, ressaltou a intensidade com que a pandemia afeta a última etapa da Educação Básica. “Finalmente colocamos o trem no trilho e agora era só acelerar, mas aí a pandemia atravessa isso. O efeito da crise do coronavírus para o Ensino Médio é mais potente, porque pode pressionar por mais evasão e abandono, no caso de pessoas que precisem recuperar sua renda”.

Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco


O resultado positivo, para Henriques, deve-se ao foco que os estados tiveram para aprendizagem, definindo metas, engajando redes. “Houve uma gestão escolar muito forte. Antes mesmo da reforma do Ensino Médio, várias redes refizeram sua estrutura curricular. Elas passaram a fazer avaliação externa, com provas regulares, usando a devolutiva pedagógica como forma de fazer uma leitura sobre a aprendizagem de cada escola, e não algo genérico”, explicou a O Globo. Ainda para o jornal, Henriques apontou que o foco dado pela gestão do ex-ministro da Educação Mendonça Filho ao Ensino Médio teve um papel importante de indução. 

Exemplo de trabalho consistente de regime de colaboração entre estados e munícipios, o Ceará vem apresentando melhoria em todas as etapas, conforme apresentado no gráfico Evolução do Ideb no Ceará. Em webinário realizado para analisar os resultados da rede, o secretário executivo de Ensino Médio e Profissional do estado, Rogers Mendes, apontou que a melhora do Ensino Médio tem a ver com o foco na aprendizagem que as escolas têm dado, mas também com a mudança no perfil acadêmico do aluno que conclui o Ensino Fundamental. “Mais do que nunca, vamos precisar utilizar a nosso favor o amadurecimento da cooperação ao longo dos últimos anos, para fazer com que uma etapa reverbere na outra, num processo de sintonia. A gente entende que é preciso dar o passo adiante. Os resultados podem e precisam melhorar cada vez mais”, destacou. 

Secretário executivo de Ensino Médio e Profissional do Ceará, Rogers Mendes


 A melhora sustentada também pode ser vista em outras redes. Pernambuco e Piauí, por exemplo, se destacam por ter progredido sempre, desde 2005. Goiás passou por pequena estagnação entre 2005-2007, mas depois entrou em rota de melhora contínua. Considerando os estados que vêm melhorando desde 2011, junta-se à lista o Espírito Santo.

Secretário da Educação do Piauí  Ellen Gera


A Secretaria de Educação do Piauí também promoveu seu webinário para analisar os resultados do Ideb 2019. “O Piauí está em crescimento contínuo. Avançamos mais rápido entre 2017 e 2019, mostrando o engajamento coletivo de toda a rede. A participação dos alunos do Ensino Médio na prova subiu de 56% em 2017 para 74% em 2019. Estamos levando os estudantes a fazer a avaliação, tonando o índice mais fidedigno", ressaltou o secretário da Educação, Ellen Gera. O Ensino Médio da rede estadual do Piauí partiu de 2,32 em 2005 e alcançou 3,73 em 2019 – aproximando-se do resultado brasileiro. 

Mirela de Carvalho, gerente de Gestão do Conhecimento do Instituto Unibanco

Mirela de Carvalho, gerente de Gestão do Conhecimento do Instituto Unibanco


Comemorar, mas com cautela
Especialistas apontam que o avanço não compensa os vários anos de estagnação. Assim, não é possível relaxar. Segundo Mirela de Carvalho, gerente de Gestão do Conhecimento do Instituto Unibanco, o desafio para o Ideb 2021 será grande, visto que será necessário combater a evasão escolar e recuperar as desigualdades educacionais agravadas pela pandemia. 

“Vamos ver como a gente vai conseguir, no retorno, fazer esse trabalho de recuperação dessas crianças e jovens. Se elas já tinham lacunas de aprendizagem trazidas das séries anteriores, agora, com a pandemia e o afastamento das aulas, isso tende a piorar muito”, ressaltou em entrevista concedida ao jornal Correio Braziliense.

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