McArthur Wheeler é o nome do cidadão que roubou dois bancos em Pittsburgh nos Estados Unidos. A polícia o prendeu com facilidade logo na sequência porque o único disfarce que ele usou foi suco de limão.
É que ele ouviu dizer que o limão pode ser usado pra fazer “tinta invisível” , aquela pra deixar mensagens secretas que são reveladas no papel, quando ele é aquecido.
Sem entender o processo químico que faz a tinta invisível funcionar… e sem entender como as câmeras de segurança funcionavam, ele presumiu (com grande confiança) que ao esfregar limão na cara… ele ficaria invisível.
Antes de criticarmos esse conceito de burrice, vamos ver alguns pensamentos famosos a respeito desta pergunta.
O verdadeiro conhecimento é saber a medida da própria ignorância. Confúcio
O tolo acha que é sábio, enquanto o sábio reconhece ser um tolo. Shakespeare
A ignorância frequentemente traz mais confiança do que o conhecimento. Darwin
Cuidado com o falso conhecimento; ele é mais perigoso do que a ignorância. George Bernard Shaw
Então você está provavelmente pensando como é importante saber (i) o que é que nós sabemos e (ii) o que é que nós não sabemos. E isso tem a ver com o desenvolvimento da nossa metacognição, do conhecimento sobre o nosso conhecimento.
Na minha opinião, o primeiro passo é entender como não é adequado dizer que existem pessoas tolas, pessoas idiotas. Isso generaliza e rotula os indivíduos. Dizer que alguém é burro ou imbecil é declarar uma natureza imutável e universal. Um burro não sabe e nunca vai aprender a fazer nada corretamente.
Existe um certo determinismo perturbador nessa rotulagem, que é usada pra justificar supremacia e preconceito.
É diferente de dizer que alguém se comporta de uma forma imbecil numa determinada situação
.E mesmo admitindo que ela assume escolhas inadequadas em VÁRIAS situações, ainda assim ela não está recebendo o rótulo de ser uma pessoa burra, pois o que nós estamos avaliando é a competência dela.
Por isso eu te convido pra nós usarmos o termo COMPETÊNCIAS. Por que?
Primeiro, porque competências são específicas: posso ser competente pra fazer sushi e incompetente pra fazer um bolo.
Segundo, porque competências são temporais: Agora eu posso ser incompetente pra resolver um problema de matemática, mas se eu estudar e tiver acesso a teorias bem explicadas e colocar em prática o que aprendi, eu posso adquirir a competência no futuro. Como você viu no nosso curso Como Aprender Mais Rápido, eu posso inclusive aperfeiçoar a minha capacidade de aprendizado. Eu posso aprender a aprender.
Então agora nós podemos reformular a pergunta. Em vez de nos perguntarmos se existem pessoas tão burras que não conseguem entender a própria burrice, vamos perguntar:
Infelizmente, sim. A incompetência prejudica a qualidade das escolhas de um indivíduo… e também dificulta a metacognição. É difícil para o indivíduo incompetente perceber que realizou uma má escolha.
Ou seja, um grande incompetente pode achar que está mandando bem. Ele tem problemas de metacognição, o conhecimento de seu próprio processo cognitivo.
Esse é o Efeito Dunning-Kruger, que está documentado em um trabalho acadêmico de David Dunning e Justin Kruger que contém quatro hipóteses. As pessoas incompetentes:
1. Tendem a superestimar seu nível de habilidade
2. Fracassam em identificar uma verdadeira competência
3. Fracassam em reconhecer como eles são incompetentes relativamente aos seus pares
4. Poderão admitir que não tinham habilidades, caso recebam treinamento adequado.
Os experimentos continham diferentes tipos de exames pra avaliar os voluntários. Além de receber notas, os participantes tinham que auto avaliar sua própria competência. Adivinha só: os incompetentes superestimaram sua performance, achando que tinham tirado uma nota muito acima do que realmente receberam.
Pior: mesmo quando eles ficaram sabendo da nota recebida, ainda assim eles achavam que estavam acima da média. Em vez de reconhecer que eles tinham tido uma performance ruim, eles achavam que os outros tinham se saído ainda pior.
Primeiramente, espero que ao ver este vídeo você comece a reparar quando isso acontece ao seu redor, com as pessoas com quem você interage (sabe aquelas que você tenta dialogar de forma racional e elas além de não conseguirem acompanhar seu raciocínio ainda por cima acham que estão cobertas de razão?)Mas, principalmente, que você reconheça a presença do Efeito Dunning-Kruger em você mesmo. Como fazer isso?
Por exemplo, se você de repente tirou uma nota mais baixa do que esperava… e isso foi uma surpresa desagradável, é um indicador que a sua confiança está muito alta e que a competência naquela matéria ainda precisa melhorar.
Ou se você está engajado em um projeto e ainda não está colhendo os resultados desejados, novamente temos a possibilidade do efeito Dunning Kruger, no caso em que a performance ainda não está no ponto ideal e que é importante continuar investindo no fortalecimento de competências.
Lembre-se: não é útil pra gente ficar usando o rótulo de “pessoas burras” . O burro não sabe e não consegue aprender. Já o incompetente pode se dedicar a treinamentos, consegue aprender.
O efeito Dunning Kruger é principalmente sobre a medida atual de competências, e isso pode ser mudado conforme adquirimos as competências. Que podemos ter uma melhor percepção da realidade ao adquirir novas habilidades.
Via arataacademy.com