A religião persa antiga, conhecida como Zoroastrismo, tem suas raízes no século VII a.C. e é considerada uma das primeiras religiões monoteístas do mundo. Fundada pelo profeta Zaratustra (ou Zoroastro), essa fé se baseia na adoração a Ahura Mazda, o único e supremo deus.Um dos princípios fundamentais do Zoroastrismo é a noção de dualismo cósmico, que opõe Ahura Mazda, o deus da sabedoria, da luz e da vida, a Angra Mainyu (ou Ahriman), o espírito maligno, das trevas e da destruição. A luta entre essas duas entidades representa a batalha entre o bem e o mal, que ocorre tanto no plano espiritual quanto no plano terreno.
A influência do Zoroastrismo nas tradições judaico-cristãs pode ser rastreada até a época do cativeiro babilônico dos judeus, por volta do século VI a.C. Durante esse período, os persas dominavam a região e sua religião provavelmente entrou em contato com a fé judaica.A ideia do dualismo cósmico do Zoroastrismo foi incorporada às tradições judaico-cristãs, de modo que também passaram a adotar a concepção de um deus supremo em luta contra um ser maligno. No Judaísmo, essa figura maligna recebeu o nome de Satan (em hebraico, "adversário"), enquanto no Cristianismo, passou a ser chamado de Diabo (do grego "diábolos", "caluniador" ou "acusador").
No Cristianismo, a ideia de oposição entre Deus e o Diabo se desenvolveu ao longo dos séculos. No Novo Testamento, Jesus é tentado pelo Diabo no deserto, e a luta entre as forças do bem e do mal é um tema recorrente em suas parábolas. A figura do Diabo passa a ser associada à tentação, ao pecado e à rebeldia contra Deus.Ao longo da história cristã, essa oposição entre Deus e o Diabo se consolidou como um tema central. A Igreja passou a enfatizar a importância da salvação da alma e da luta constante contra as tentações do mal. A figura do Diabo se tornou uma personificação do mal e uma ameaça constante à fé dos cristãos.
A ideia de oposição entre Deus e o Diabo é um tema complexo e multifacetado, que se origina na religiosidade persa e se desenvolveu ao longo dos séculos nas tradições judaico-cristãs. A compreensão dessa dualidade é fundamental para entender o desenvolvimento das religiões monoteístas e a influência que elas exercem em nossa sociedade até hoje.
DAVID SOUZA
EQUIPE CONTEÚDO